Astronomia para leigos | Como começar a estudar astrofísica10 grandes feitos da astronomia nos últimos 10 anos

Entenda o que é astronomia

Desde a pré-história, os humanos são fascinados pelo céu. Isso é ótimo, pois foi por meio das constelações que nossos ancestrais começaram a explorar o mundo sem se perder pelo caminho. A Lua e as estrelas nos guiaram pela maior parte da nossa história. Há 50 mil anos, desenhos representando agrupamentos estelares (como as Plêiades) eram pintados em rochas e grutas. As mesmas estrelas ajudaram na compreensão dos ciclos de nosso planeta, como as estações do ano, permitindo o avanço da cultura agrícola. A curiosidade pelo cosmos permaneceu mesmo em tempos mais modernos, como os séculos XVI e XVIII. Nessa época, aconteceu a Revolução Científica, resultando em grandes eventos que mudaram o curso da sociedade. No que diz respeito à astronomia, essa revolução de pensadores e cientistas começa com a publicação de obras essenciais como “Das revoluções das esferas celestes”, de Nicolau Copérnico, o “Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”, de Galileu Galilei, e o enunciado das Leis de Johannes Kepler. Até pouco antes desse período, o estudo e conhecimento sobre os astros era importante para muitas culturas avançadas, como Babilônia, Grécia, China, Egito e muitas outras. Muito desse conhecimento se perdeu com invasões e guerras, mas a Europa conseguiu uma reviravolta fundamental com o telescópio de Galileu e as descobertas de Kepler. Hoje, o conhecimento de eventos históricos — tais como as descobertas de Isaac Newton sobre a óptica; Edwin Hubble sobre as galáxias e expansão do universo; Albert Einstein sobre a nova lei gravitacional e muitos outros — fazem parte do dia-a-dia de qualquer astrônomo.

O que faz um astrônomo?

Podemos considerar que a astronomia tem duas grandes ramificações: observacional e teórica. A primeira é quando os astrônomos usam telescópios e outros instrumentos científicos para coletar dados de um determinado alvo, a fim de estudá-los. Já na segunda, a grosso modo, cientistas elaboram hipóteses e modelos com muitos cálculos, sem observações espaciais diretamente envolvidas. Claro, todos os “observadores” também precisam, em algum momento, trabalhar com cálculos e modelos para descrever o que estão interpretando nos dados coletados. Entretanto, os teóricos criam modelos mais completos usando esses mesmos dados com outras observações. Assim, astrônomos teóricos estudam e desenvolvem novas compreensões sobre temas como evolução estelar, formação e evolução de galáxias, Big Bang, os primeiros instantes após o “nascimento” do universo, a matéria que forma nosso cosmos, relatividade geral, mecânica quântica, e muito mais. Por outro lado, os observadores concentram seus esforços no processo de capturar fótons do universo — isto é, a radiação eletromagnética em suas várias manifestações: luz visível, infravermelho, ultravioleta, rádio, micro-ondas, raios-X, e radiação gama. Cada um desses tipos de radiação é produzido por diferentes objetos ou diferentes características de um mesmo corpo. Por exemplo, estrelas podem produzir a maioria deles, mas cada um revela um diferente mecanismo estelar, assim como buracos negros ativos são grandes fontes de rádio e raios-X. O papel dos astrônomos observacionais é usar telescópios e sondas espaciais para coletar esses fótons. Dependendo do comprimento de onda (a característica da radiação eletromagnética que determina seu tipo/cor), os cientistas podem descrever o que está acontecendo no objeto de onde os fótons vieram. Também é importante analisar a “luz” (radiação) em si. É que, às vezes, o espectro coletado chega à Terra com “pedaços” faltando — as linhas de absorção. É como se tivéssemos um arco-íris com algumas faixas pretas no lugar de algumas partes das cores. Essas linhas escuras podem dizer muito sobre o objeto observado. Para interpretar esses dados e publicar em um artigo científico, os astrônomos observacionais precisam conhecer bem as teorias, é claro. Do mesmo modo, os teóricos precisam analisar esses artigos e colocá-los em um contexto maior, que são os modelos astronômicos. É assim que essas duas grandes ramificações se encontram.

Os “saberes” da astronomia

Com o conhecimento acumulado durante séculos, os astrônomos criaram uma verdadeira salada de frutas científica. Eles se especializaram e geraram vez mais em ramificações teóricas e observacionais, tais como:

Radioastronomia: estudo de objetos e eventos cósmicos por meio de ondas de rádio; Cosmologia: ciência que estuda a história do surgimento, evolução e a composição do universo; Astrobiologia: investiga as possíveis formas de vida em outros planetas; Astronomia: observa e estuda as posições dos astros e suas variações ao passar do tempo; Arqueoastronomia: procura resgatar o conhecimento de povos antigos sobre o céu.

Há ainda várias outras áreas de especialização dentro do universo da astronomia, com novas ramificações surgindo de tempos em tempos, à medida que novos conhecimentos vão exigindo estudos cada vez mais específicos.

Como se tornar um astrônomo?

Formalmente, os astrônomos profissionais são os graduados — geralmente em física, matemática e outros cursos de exatas — que optam por uma pós-graduação em astronomia. Também existem, em algumas universidades, graduação de bacharelado em astronomia. As faculdades de bacharelado incluem as disciplinas da matemática e física e matérias como astrofísica, cosmologia, planetas e sistemas planetários, análise de dados, entre outras. Contudo, a carreira deste profissional será voltada ao ensino da astronomia. E qualquer um pode se tornar um astrônomo amador, que também produz ciência real (e se diverte no processo de aprendizado e contribuição). Para isso, é preciso muito estudo e prática observacional por conta própria, sendo possível encontrar muito material didático acessível e até gratuito na internet.