Massa dos neutrinos fica mais perto de ser descoberta após este experimentoMistério de uma década solucionado: neutrinos de alta energia vieram de blazares

A galáxia NGC 1086 (também conhecida como Messier 77 ou Galáxia da Lula) fica a 47 milhões de anos-luz de distância de nós. Como esperado, ela possui um buraco negro supermassivo central, muito mais massivo que o Sagittarius A*, que habita o núcleo da Via Láctea. Mas pouco se sabe sobre este buraco negro, pois a NGC 1086 é uma galáxia empoeirada — isto é, existe muita poeira espacial por lá, principalmente em torno de seu núcleo. Isso atrapalha nas tentativas de uma observação mais detalhada. Devido a essas camadas espessas de poeira, a luz não consegue chegar aos telescópios aqui da Terra. Entretanto, os neutrinos conseguem: eles são conhecidos como “partículas fantasmas” por conseguirem atravessar quase toda a matéria do universo. Felizmente, às vezes, um ou outro neutrino interage com os mais de 5 mil detectores como aqueles instalados no IceCube. Esse observatório fica abaixo da superfície da Antártida, em profundidades de 1,5 a 2,5 km. Quando detecta um neutrino de alta energia, o IceCube acende flashes de luz azul. A NGC 1086 é uma galáxia com núcleo ativo, ou seja, seu buraco negro supermassivo devora material o suficiente para emitir raios cósmicos e rajadas brilhantes no comprimento de ondas de rádio — por isso galáxias como esta são conhecidas como radiogaláxias. Raios cósmicos são, na maioria das vezes, compostos por prótons e nêutrons, mas também podem trazer elétrons, fótons gama e neutrinos. Nenhuma das partículas pode atravessar as camadas de poeira o suficiente para estudar a galáxia — exceto, claro, os neutrinos. Observar os neutrinos da NGC 1086 é um “atalho” para saber mais sobre a aceleração de partículas ao redor do buraco negro e os processos de produção estelar que ocorrem dentro da galáxia. Aliás, ela produz estrelas a uma taxa muito maior que a Via Láctea. Embora o IceCube tenha detectado 80 neutrinos vindos da NGC 1086, ainda é preciso muito mais para informações ricas sobre a galáxia e seu buraco negro. Os cientistas esperam atingir esse objetivo com o lançamento da segunda geração do IceCube, que conseguirá detectar mil vezes mais neutrinos e detectar fontes cinco vezes mais fracas. O estudo foi publicado na revista Science. Fonte: Science; via: IceCube Neutrino Observatory, University of Adelaide